Câmara entrega Carta de Acolhimento em alusão a Semana de Sensibilização e Apoio às famílias enlutadas

por Geovana de Bortole publicado 23/09/2025 09h40, última modificação 23/09/2025 10h12
Câmara entrega Carta de Acolhimento em alusão a Semana de Sensibilização e Apoio às famílias enlutadas

Foto: Lucas Guedes

Em uma sessão solene marcada pela emoção e por um profundo senso de humanização, a Câmara Municipal de Anápolis se transformou em um espaço de solidariedade e apoio para famílias que enfrentam a dor da perda. O evento, realizado na noite de segunda-feira (22.set) foi em alusão à Semana de Sensibilização e Apoio às Famílias Enlutadas, um momento de reflexão e amparo para aqueles que perderam um filho.

A solenidade é uma iniciativa do vereador Frederico Godoy (Agir), autor da lei que instituiu a semana no calendário oficial do município. Em seu discurso, o vereador destacou que a legislação tem um objetivo que vai além da formalidade. "É para não apenas lembrar da importância do acolhimento e da compreensão em momentos de dor, mas também destacar a necessidade de amparo emocional, psicológico e social para aqueles que atravessam a difícil experiência da perda", explicou. Ele reforçou que a sessão solene fortalece o compromisso com a humanização e com a criação de uma rede de apoio.

Godoy também detalhou a origem da lei: “A gente fez em 2023 a lei ‘Ressignificando Daniel’, em homenagem ao filho da Juliana Morais, vítima de uma tragédia. Juliana perdeu o filho e, junto com ela, tivemos a ideia de fazer essa lei para dar voz às famílias enlutadas.” O vereador reconheceu a luta contínua de Juliana e explicou que o evento é uma forma de dar "acolhimento, dar um afago a essas famílias". Ele concluiu: "Palavras não vão tirar a saudade, nem a dor, mas estamos aqui para tentar acolher e falar palavras de conforto a elas."

A lei leva o nome de Daniel, filho da biomédica Juliana Morais, que faleceu aos 12 anos vítima de um disparo acidental de arma de fogo. A legislação “Ressignificando Daniel” foi criada para dar suporte a famílias que sofrem perdas precoces. Em sua fala, Juliana destacou a importância de oferecer um apoio integral, tanto psicológico quanto estrutural. "A lei vem com o intuito de acolher essas famílias que perderam seus filhos precocemente, trazendo todo o apoio para que elas possam realmente se levantar."

Durante a solenidade, 25 famílias foram acolhidas e receberam uma "Carta de Acolhimento". Juliana descreveu a carta como um símbolo da mensagem: “Nós estamos olhando por você, nós te enxergamos além do dia daquele trágico acidente, daquele velório.” Ela também enfatizou o poder da resiliência e da inspiração. “Todos que estão aqui, seus familiares, também nos inspiram de alguma forma. Estão aqui recebendo essa carta de acolhimento e dizendo: 'Nós nos inspiramos em você. Você é forte, você é guerreira, você tem superado um dia de cada vez, porque o luto é isso, é viver um dia de cada vez’”.

O evento contou com uma bancada de especialistas e líderes religiosos, incluindo o psiquiatra Jairo Júnior, , a pastora Bárbara Almeida Melo Calembro e o pastor Hernandes Moreira Nascimento Filho. O pastor Adeilson Araújo esteve presente representando a primeira-dama, Dra. Carla Lima Corrêa.

Jairo Júnior detalhou o funcionamento do cérebro e do corpo humano diante da perda, reforçando a necessidade de práticas religiosas, diálogos, e tratamentos psicológicos e psiquiátricos. A pastora Bárbara Almeida, por sua vez, compartilhou sua própria experiência com o luto, ressaltando a dificuldade de passar por um processo tão complexo sem ajuda. “É conscientização, é o que nós vamos trazer aqui hoje, sobre a importância de buscar ajuda, de aceitar ajuda e de se submeter a um tratamento para que esse processo que é tão difícil seja ressignificado, seja amenizado”, disse ela.

Ao final do evento, cada família enlutada recebeu, além da carta, um balão, que foi solto em um gesto de respeito e memória. A solenidade reforçou a mensagem principal: "Não existem palavras capazes de traduzir a dor de uma perda tão precoce, e o que posso oferecer pra você, neste momento, é o meu abraço, minha escuta e o desejo sincero de que sinta que não está sozinho. A dor do luto é única, mas o acolhimento precisa ser coletivo."

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