Câmara de Anápolis promove audiência pública alusiva ao mês da mulher

por Geovana de Bortole publicado 31/03/2022 21h40, última modificação 01/04/2022 09h37
Câmara de Anápolis promove audiência pública alusiva ao mês da mulher

Foto: Guto Neves

 A Câmara de Anápolis, através da vereadora Cleide Hilário, da Procuradoria Especial da Mulher, promoveu uma audiência pública para abordar temas estratégicos de interesses das mulheres, realizada no contexto do mês da mulher.

O evento, que tem como tema “Mulheres Notáveis”, foi realizado na noite de quinta-feira (31.mar), no Hall da Câmara, em parceira com Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres, e debateu sobre políticas públicas para mulheres, com assuntos que fazem parte da rotina de todas.

O vice-presidente Domingos Paula (PV) abriu os debates lembrando que as mulheres devem estar onde quiserem. “Fiz uma pesquisa e constatei que a cada oito políticos, apenas uma é mulher. Precisamos modificar esse cenário”, ressaltou.

Cleide disse que está muito feliz com essa oportunidade, e agradeceu a todas que fazem excelente trabalho em suas atividades. “Admiro todas essas grandes mulheres, que estão aqui hoje. Essa é uma maneira diferente de realizar um debate, e queremos ter mulheres que encorajam as outras. Queremos sair daqui com a ideia de um projeto de lei, para ser colocado em prática na nossa cidade”, comentou.

Andreia Rezende (SD) disse que as mulheres estão fazendo de fato os eventos desejados. “A Casa de Leis recebe pessoas específicas da nossa cidade. Estamos com a presença maciça da OAB, que defende a democracia da cidade. Temos aqui mulheres que abriram caminho para outras, como a Onaide Santillo, que representou nossa cidade na Assembleia Legislativa. Se não avançarmos na política, não avançaremos em lugar nenhum. Todas aqui fazem projetos incríveis, e merecem nosso respeito”, disse.

A primeira palestrante foi da primeira dama de Anápolis, Vivian Naves, com o tema “Maternidade e Trabalho: os desafios da mulher equilibrista”. Em seu pronunciamento, ela falou sobre maternidade e trabalho. “O meu relato é pessoal, e é um desafio sair de casa a noite, como hoje. Para nós, mães, é muito difícil sair da rotina. Comecei a trabalhar muito cedo como bancária, e sempre pensei que seria voltada a uma vida profissional. Quando me casei e tive minhas filhas, percebi que eu não conseguia ser a profissional que eu gostaria ser, e pedi licença para cuidar delas. Essa mudança de rotina me afetou muito e tive uma depressão, mas em seguida engravidei novamente. Quando meu esposo (Roberto Naves, prefeito de Anápolis) se tornou político, eu cuidei do colégio e também a passei a tomar conta dos trabalhos sociais do município. Estamos na batalha diariamente. Criar filhos é fácil. O difícil é educar. Sabemos que não é possível dar conta de tudo, mas o que conseguimos é o suficiente”, comentou.

“Violência doméstica e intervenção contra a mulher: intervenção e prevenção de casos”, foi o tema da palestra da delegada da mulher Isabella Joy. “As mulheres estão se sentido mais protegidas e amparadas. Eu costumo falar para que as pessoas entendam o que é a violência contra a mulher. Muitas pessoas pensam que a violência é só agressão física. Mas não. Aquilo que muitas pensam que é um cuidado excessivo é sinal de indícios de violência doméstica. Começa com agressão verbal e muitas vezes as mulheres vivem em um relacionamento tóxico. Vivenciamos um ciclo. Nosso combate diário é para que esse ciclo de violência pare, e queremos deixar claro que a mulher tem abrigo, assistência social, apoio jurídico e psicológico. Muitas mulheres não entendem que precisam de ajuda. Estamos na delegacia para que todas entendam que estamos na delegacia para trabalhar e fazer a diferença na vida dessas mulheres”, destacou.

 A jornalista Blenda Maraisa dos Santos teve como tema “A importância da mulher no mercado de trabalho”. “Temos que ressaltar as multitarefas que temos no nosso dia a dia. Somos a maioria e temos capacitação e competência profissional incrível. Começamos a ocupar nosso espaço no mercado de trabalho com a Revolução Industrial e a Revolução das Mulheres nos Estados Unidos. Podemos e devemos estar onde queremos, e o mais importante é que uma mulher fortaleça a outra. Nessa luta por igualdade, enfrentamos duas tendências, o feminismo, que reivindica a igualdade. O femismo sobrepõe o sexo feminino sobre o masculino. Mas nós só queremos ter o mesmo espaço. Ainda não temos os mesmos salários. O que podemos fazer para que a consciência de classe mude? Somos nós que precisamos modificar nosso meio, em todos os lugares, e dando a mão uma para outra, contribuindo para que a sociedade se fortaleça. Ainda sinto falta da união entra as mulheres para fazermos a diferença”, pontuou.

 “Empreendedorismo feminino: elas fazem a diferença” foi defendido por Raiane Rodrigues de Oliveira Batista. “Temos multipapeis e nós nos cobramos muitos. Queremos ser boas em tudo o que fazemos. E a mulher empreendedora tem dupla jornada, e fica buscando o equilíbrio. Nosso desafio também é o preconceito. Muitas vezes começa dentro de casa, e em seguida da sociedade. Também lutamos contra a falta de incentivo, que afeta muito no desenvolvimento em suas atividades, fazendo com que muitas desistam. Mas temos grandes pilares e o primeiro é o auto conhecimento. Uma mulher confiante tem segurança para fazer a diferença. O segundo grande pilar é a busca pelo conhecimento. Além da criatividade, é necessário saber mais sobre o negócio. Empreendedora não é a mesma coisa que empresária. A empreendedora também precisa ter habilidades de empresária. Nosso terceiro grande pilares é a produtividade. Nosso maior vilão é o celular. Se não tomarmos cuidado, não conseguimos gerenciar nosso tempo. O quarto é a rede social, onde podemos atingir mais pessoas de forma profissional. Finalmente, para ter bons resultados é preciso ter apoio. A vitória só chega para quem não desiste. Mulheres, acreditem em vocês e não desistam de seus sonhos”, frisou.

A última palestra da noite foi de Onaide Silva Santillo, que abordou o tema “Mulheres na política: desafios e conquistas”.  “A mulher sempre arruma um jeito de fazer o que precisa. Minha primeira experiência política foi acompanhando meu saudoso marido Ademar, como deputado. Eu via algumas mulheres líderes nas comunidades e nas igrejas, e tentava incentivas mulheres na política. Tivemos uma fase onde mulheres não votavam em mulheres, onde muitas tinham baixa autoestima e acha que outras também não conseguiriam. A primeira deputada estadual por Goiás foi Berenice Artiaga, que assumiu uma candidatura após seu marido ser assassinado. Ela foi muito atuante e motivou mulheres a participarem da política. Todas nós sabemos como foi difícil chegar a nossas posições. Eu acredito que os partidos políticos não têm processo de acompanhamento da vida política das mulheres. Os homens só convidam mulheres para pedir votos e preencher as chapas. Os partidos políticos têm responsabilidade para formar lideranças. Vemos a fragilidade dos partidos do nosso país. Precisamos de força através de partidos fortes, com liderança, para discutir políticas, para que as mulheres entendam e participam. Nós temos lideranças que podem ser aproveitas. As mulheres também precisam se apoiarem, ser exemplos e companheiras”, concluiu a palestrante.

Uma das idealizadoras do debate, Jusceliane Teles, do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres,  disse que está muito grata pelo evento. Ela convidou as conselheiras para que se apresentassem. “Sou muito agradecida por cada uma, que muitas vezes não têm nem seus nomes pronunciados, mas sabemos que atrás de todas as políticas púbicas, trabalham para garantir para que nossa rede municipal esteja completa”, finalizou.

Os debates foram abertos para o público, e contou com participação popular.

Também prestigiaram o evento a Secretária de Educação Eerizânia Freitas, o Comandante do 28º Batalhão Major Moura, além de amigos e familiares das palestrantes.